quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A Educação Brasileira: Onde avançou e o que ainda falta avançar.

As excelentes escolas brasileiras, principalmente públicas, são as que são administradas por educadores, por profissionais que, pelo menos há mais de três anos, estão trabalhando no mesmo lugar e não por cabos eleitorais itinerantes e inconsequentes. Seus professores possuem sempre formação adequada e são periodicamente estimulados a ler, pesquisar, aprender, transformar-se. Por sua vez, seus alunos possuem jornadas de ao menos um pouco mais que as trágicas 25 horas semanais. São escolas em que as estratégias de ensino não se ocultam através de paredes indevassáveis, onde foi descoberto o caminho seguro de se premiar o mérito, onde se criaram “intervalos inteligentes” com alternativas de saberes e, sobretudo, onde aulas não são intermináveis e repetitivos discursos, mas situações de aprendizagem criteriosamente planejadas para promover o protagonismo e a linguagem significativa do aluno, a efetiva construção de novos saberes e o consciente despertar prático de competências diversas.
É essencial que se ressalte que não se está buscando, de maneira alguma, dourar a pílula. Os fundamentos anteriormente destacados foram colhidos em escolas públicas que surpreenderam a todos nos resultados dos Índices de Desenvolvimento da Educação Básica e que contemplaram análise do país inteiro. A surpresa desses números é que tais escolas não apareciam necessariamente em municípios ricos — mesmo quando se toma agora como referência o ENEM e se volta o olhar para escolas particulares, ainda uma vez surgem resultados excelentes em Teresina (PI) e em outras cidades do Norte e Nordeste em intensidade maior dos que surgem em ricas estâncias climáticas, enfeitadas por seus hotéis estrelados. A conclusão parece ser extremamente plausível: para mudar de cor as manchas escuras do tenebroso mosaico de uma Educação falida, sejam elas escolas particulares ou públicas, desta ou daquela região geográfica, existe uma “lição a fazer” e esta não constitui surpresa para quem quer que seja. Ou se faz a lição ou se busca desculpa para uma Educação de ínfima qualidade. Vamos, então, aos passos iniciais desta jornada:
Quanto aos professores - Desses profissionais espera-se, como tarefa mínima, que cumpram seus horários e programas, planejem suas aulas e organizem mecanismos eficientes de avaliações significativas. Mais do que isso: que descubram que não existe titulação de validade perene e que, dessa maneira, estudem muito e estudem sempre, discutam e aprendam, abram suas aulas aos colegas para que a examinem e critiquem e saibam aprender com seus pares tudo quanto de essencial um educador maiúsculo precisa possuir. Em síntese, que sejam verdadeiramente professores e não prosaicos “professauros”, repetindo hoje o que dez anos atrás faziam.
Quanto aos alunos - Que fiquem mais tempo em aula e que, mais do que dominar informações, descubram conhecimentos e valores. Que saibam verdadeiramente pesquisar, que aprendam a argumentar, que compreendam o que precisam ler e abracem a leitura como instrumento de grandeza e não obrigação, que saibam progredir em sua socialização, em sua leitura do mundo, em seu respeito ao outro, no culto de valores essenciais. Que conquistem uma visão sistêmica e que, tendo de deixar incompleto seu curso, demonstrem nível de eficiência e de capacidade profissional que corresponda ao ponto que alcançaram.
Quanto à escola - Não se requer palácios, salas aromatizadas e corredores iguais aos de um hotel cinco estrelas, mas que tenha um mínimo de conforto material, onde alunos podem sempre se sentar, encontrar livros, dispor de computadores, descobrir áreas para pesquisar o meio ambiente e o entorno. Que tenha menos aulas expositivas e bem mais situações de aprendizagem que lhes ensinem a sensibilidade para aprender a conversar e não apenas falar, enxergar o mundo e não somente olhar sem que se aperfeiçoe a sutileza para as descobertas.
Quanto às aulas e situações de aprendizagem - Que sejam desafiadoras, propositoras e que estimulem descobertas. Que envolvam o aluno não mais na condição de espectador, mas no papel dinâmico de protagonista de seu processo de crescimento. Que sirvam menos para registrar fatos, mas para acentuar a reflexão sobre estes e que ensinem os educandos a discutir, argumentar e contextualizar o que recebem de seus professores como instrumento para compreender melhor a vida que nos aguarda além dos muros e além do dia seguinte.          
    Celso Antunes - www.educacional.com.br

Um comentário:

  1. Parabéns pelo blog, Dulci.

    Sábias palavras do professor Celso Antunes. Sonhamos com essa escola! Que um dia ela saia dos sonhos e se torne realidade.

    "Sonho que se sonha só é só um sonho, sonho que se sonha junto é realidade."

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